04/05/2009

Boal Vive


A União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) manifestam seu pesar e consternação pela morte de Augusto Boal, teatrólogo, professor, escritor, militante político, dramaturgo e diretor teatral, uma das personalidades mais importantes e politicamente consequentes do teatro e da cultura brasileira.


Boal nos ensinou que o teatro pode ser uma poderosa ferramenta para a transformação social e pela luta em prol dos direitos do povo, dos trabalhadores, da juventude, dos estudantes e de todos aqueles em situação de exploração e opressão. Esteve presente em momentos fundamentais da história e da vida cultural brasileira: foi diretor e coordenador do seminário de dramaturgia do Teatro de Arena, colaborou na criação do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, foi preso, torturado e exilado pela ditadura militar. De volta ao Brasil na década de 80, já consagrado internacionalmente pela criação do método de Teatro do Oprimido, participou das lutas pela redemocratização do país e em 1992 foi eleito vereador no Rio de Janeiro pelo PT. Como parlamentar, Augusto Boal criou o Teatro Legislativo, que através do seu método de teatro-fórum promovia a participação popular na elaboração de leis e na discussão dos direitos sociais. Através do Centro de Teatro do Oprimido (CTO) Boal estava formando centenas de multiplicadores das técnicas do Teatro do Oprimido em pontos de cultura de todo o país. Em diversos estados, a rede de pontos de cultura do CUCA da UNE trabalha com multiplicadores do Teatro do Oprimido.

Boal sempre atendeu ao chamado dos movimentos sociais, tendo participado de diversas atividades da UNE, e desenvolvido seu trabalho junto ao MST, sindicatos e organizações da sociedade civil no Brasil e no mundo. O Teatro do Oprimido está presente em mais de 60 países, a maior parte deles na Africa, Ásia e América Latina. Este ano, no dia 27 de março, Boal recebeu o título de embaixador mundial do teatro pela UNESCO.

A luta e o trabalho de Augusto Boal seguirão vivos e presentes na luta dos estudantes e do povo brasileiro, no caminho da libertação dos explorados e oprimidos de todo o mundo. Como ele mesmo dizia: "Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!"
Boal vive!

Lúcia Stumpf
Presidente da UNE

Alexandre Santini
Coordenador Geral do CUCA

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